Falta
de respeito. Com a Copa do Mundo de 2014, muitas reclamações surgem. Aeroportos,
estádios, hotéis, segurança, transporte, agora o que nos deixa mais indignado é
que a copa já é considerada a Copa do despejo. Moradores de diversas partes do
Brasil, reclamam das irregularidades de moradia. Só em São Paulo, próximo a
construção do Itaquerão, por exemplo, existe um projeto de ampliação da Radial
Leste, e para isso acontecer, serão necessários a remoção de alguns bairros. Quanto
a obra do aeroporto, serão inevitáveis a remoção em Guarulhos de mais famílias.
Em Porto Alegre, já houve irregularidades com 500 famílias que foram removidas
para Nova Vila Dique, e o problema só está começando. Porque mais 2 mil
famílias da Avenida Tronco estão sofrendo com a falta de resposta por parte das
autoridades responsáveis pelas remoções. Em Curitiba, pasmem; próximo a Arena, 11
imóveis vão serem removidos. Na região do Aeroporto Afonso Pena em Curitiba, devem
ser removidas mais 321 famílias, quanto ao corredor metropolitano, mais 1.100
imóveis estão na corda bamba.
Os
problemas são inúmeros. No Rio de Janeiro, 7mil famílias sofrem com as ameaças
de remoções e as que irão receber indenização alegam que são extremamente
baixas e são em locais distantes. A Vila Recreio II, no Rio é um exemplo da
falta de respeito. Na Vila Recanto UFMG, em Belo Horizonte, as demolições já
começaram e 70 famílias foram removidas. Os moradores das Torres Gêmeas,
receberam auxílio-aluguel de R$ 400
reais. O que alguém faz com R$ 400 reais? Já mil famílias de Dandara, em
Manaus, acreditem, acordaram numa péssima manhã com suas casas sendo demarcadas
para demolição. E o aviso foi bem claro aos pais de famílias “Quem não tem
título e casa de alvenaria não receberá nada”. E agora, quem está do lado
dessas pessoas? Quem vai estar ao lado do povo nessa batalha? Sabemos que no Brasil,
é difícil alguém estar do lado da classe menos favorecida. Um país onde se
molha as mãos de bandidos e compram trabalhos sujos de certos políticos, lei
vai ser a última coisa a ser oferecida as essas pessoas. Quem vai representar essas
famílias? Quem vai dar dignidade a elas? Não é fácil para ninguém levantar
paredes para sobreviver e da noite para o dia alguém chegar e demarcar
território, tirando a paz de pessoas que trabalham de sol a sol para conquistar
um bem. Se não tem título ou as casas não são de alvenarias, cadê os
responsáveis em proporcionar abrigo de qualidade a elas? Por que não há
decisões democráticas, onde a população participe das decisões de suas vidas?
Hoje todos estão visando à valorização econômica e não estão errados, e os
pequenos comerciantes dessas regiões, vão perder anos e dinheiro de
investimento? Não dá para deixar essas pessoas a mercê de qualquer coisa. Não
dá para calar a boca. O que vamos mostrar para o turista que virá ao Brasil?
Gigantescos estádios, bundas de fora e pequenas barracas e barracões da nossa
população desabrigada? Isso é uma falta de vergonha na cara das pessoas
envolvidas nesses projetos. Cadê os caras que elegemos? Alguém tem que vestir
uma camisa decente e defender o povo. Há, me esqueci. Uma parcela desses caras
que elegemos, foram tomar banho de “Cachoeiras”.
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