NOTA DE REPÚDIO ÀS DEMISSÕES EM MASSA NO JORNAL O POPULAR
O que causa estranheza nessa atitude é que a Organização Jaime Câmara atravessa uma fase não só de total equilíbrio financeiro, mas com resultados surpreendentes – a ponto de a própria direção da empresa ter anunciado, ainda em setembro de 2009, que a OJC fecharia o ano com um lucro de R$ 55 milhões. Ressalte-se que esse número foi corrigido dois meses depois, já que os resultados apontavam que seriam mais de R$ 60 milhões de lucro.
Portanto, não há que se alegar crise financeira para justificar as injustificáveis demissões. Pelo contrário, nem mesmo durante a recente crise econômica mundial as finanças dos veículos da Organização Jaime Câmara chegaram a ser abaladas. O período foi superado com crescimento no faturamento, inclusive com o pagamento do Programa de Participação nos Resultados, a despeito do achatamento salarial imposto aos trabalhadores da empresa.
No caso específico do jornal O Popular, há que se destacar que a maioria dos jornalistas demitidos contava com mais de 10 anos de casa, alguns com mais de 20 anos. A primeira conclusão que se tira desse fato é que, no jornal O Popular, jornalista tem prazo de validade: quanto mais tempo de casa, mais perto está de perder o seu emprego. Demissões isoladas, ocorridas nos últimos cinco anos, vêm corroborar essa afirmação.
Outra conclusão que pode ser tirada desse processo de demissão em massa é que, para a Organização Jaime Câmara, a única coisa que parece importar é sua sanha por lucros incessantes – a qualidade do produto fica para segundo ou terceiro plano. E isso tem ficado bastante nítido nos comunicados da direção da empresa aos funcionários – o objetivo é, antes de tudo, garantir mais lucros aos acionistas da empresa. O que se estranha é que, piorando a qualidade do produto, já que não há profissionais em número suficiente para garantir no mínimo o mesmo tipo de jornalismo que vinha sendo feito pelo jornal O Popular, certamente as vendas cairão, anunciantes podem deixar de anunciar. Com isso, dificilmente será atingido o plano de metas da Organização Jaime Câmara para este ano, que aponta para um resultado de R$ 90 milhões de lucro.
Por todas essas razões, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Goiás e a Federação Nacional dos Jornalistas repudiam o processo de demissão em massa promovido no jornal O Popular e conclamam a sociedade a também se manifestar contrária a mais esse abuso cometido contra os trabalhadores.
Goiânia, 26 de janeiro de 2010.
Luiz Antonio Spada
Presidente do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais no Estado de Goiás
Sérgio Murillo de Andrade
Presidente da Federação
Nacional dos Jornalistas
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