terça-feira, 23 de março de 2010

Ministro Paulo de Tarso diz é preciso reconhecer e perdoar os crimes da ditadura


Em recente entrevista ao Jornal Folha Universal, o Ministro dos Direitos Humanos Paulo de Tarso Vannuchi disse que é preciso reconhecer e perdoar os crimes praticados pelos militares no período da ditadura.

O ministro que no começo de 2010 ameaçou pedir demissão do cargo ocupado por causa de pressões de outros ministros da casa, pelo o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, onde visa à criação de um documento que inclui a criação da Comissão da Verdade. O documento visa investigar todos os crimes praticados na era da ditadura no Brasil e demais países. Casos de torturas, abusos entre outros deixou o ministro da Defesa Nelson Jobim chateado e não quis pronunciar sobre a criação do documento.

Paulo Tarso é favorável à criação da Comissão da Verdade uma vez que ele também foi um dos torturados na época e hoje luta para que faça uma investigação de cada caso, pois só assim muitos militares poderão ser perdoados.

A Comissão da Verdade está sendo coordenada pela Casa Civil, onde foram convidados especialistas das Organizações das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) para estudo das leis. Ao todo são 20 comissões espalhadas pelo mundo juntas trabalhando com a mesma intenção. Mas não basta só criar o documento, é necessário que o governo brasileiro examine até o fim de abril deste ano todas as propostas.

Afinal é importante que se apure os fatos ocorridos na ditadura militar por uma questão de honra a cada país de origem. Alguns lugares os regimes foram depostos por inimigos, enquanto no Brasil a transição foi lenta mas deixou suas marcas na história e reconhecer, reparar e estabelecer políticas oficiais para que isso não venha repetir é de extrema importância.

Enquanto Isso o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello afirma; “O golpe foi um mal necessário”. Por outro lado Tarso pensa que essas posições são inevitáveis, mas não pode haver dúvidas de que brasileiros morreram e famílias não tiveram o direito de sepultar os seus mortos. Antes de qualquer coisa é preciso convencer os que participaram a falar. Isso trata de um processo de redemocratização com o intuito de concordância. “Quem esteve separado, inclusive na condição de torturado ou torturador, não pode perpetuar o ódio. Tem que exercer o valor histórico, religiosos e também ético, do perdão”.

Vannuchi lembra que na África do Sul, quem assumiu suas práticas de torturas naquele período pediram desculpas e foram perdoados. Isso vale como exemplo para os demais países. “O mundo ainda é de guerra, mas ele tem que ser de paz. Há correntes pessimistas que acreditam que o golpe de 1964 e a guerra são inevitáveis, MAL NECESSÁRIO (...) “Eu penso que o ser humano tem condições de criar uma humanidade de paz. Não vejo o perdão como um sentimento negativo”.

FONTE: JORNAL FOLHA UNIVERSAL

Nenhum comentário:

Postar um comentário