quinta-feira, 10 de março de 2011

Flor de lótus, mais que uma planta, mais que beleza, um símbolo sagrado



Jornalista Rosa Rodrigues

Ela é linda, venerada na Índia e no Japão e simboliza a espiritualidade. Estamos falando da flor de lótus. Com uma curiosidade pra lá de intrigante. Uma semente da flor pode ficar cerca de 5 mil anos sem água. E você sabe me dizer por que ela consegue viver sob esse milagre dos deuses? Segundo especialistas a semente da flor de lótus só consegue viver fora d’água porque ela espera a condição ideal de umidade do ar para germinar. Você sabia que é possível ela nascer na lama? É verdade. Tamanha beleza consegue atingir a superfície, com suas lindas e luminosas pétalas.

O Lótus é uma planta aquática da família das ninfeáceas, conhecida também por lótus-egípcio, lótus-sagrado ou lótus-da-índia. É uma planta nativa do sudeste da Ásia, e normalmente do Japão, Filipinas e Índia. Suas cores são hipnotizantes desde as flores brancas que são cultivadas para fins ornamentais. Conta à história que antes ela era usada pelos antigos na fabricação de pão e numa espécie de bebida. Para os estudiosos, a flor de lótus nem sempre significou a beleza e a sensibilidade aos olhos e sim ela por muitos anos serviu de alimento a nação da Líbia.

O lótus chegou ao ocidente no século IV a.C, é considerada um símbolo máximo de pureza espiritual. Algumas lendas gregas afirmam que o suco da flor de lótus teria a propriedade de gerar nos estrangeiros a vontade de permanecer na terra e não regressar. Já na África há mais de 700 anos, existia um povo que se alimentava desta planta. A história conta que certos povos da América Central já a conheciam. Os Sacerdotes do México, costumavam embriagar com seu efeito alucinógeno produzido por um extrato dessa planta anos antes dos primeiros espanhóis chegarem a América. No Brasil, o lótus foi trazido pelos japoneses no século de XX. Aqui a flor é conhecida como vitória-régia e costuma ser popular nas regiões amazonenses, região do Mato Grosso e nas Guianas. Os egípcios costumam presentear com essa flor amigos, familiares e visitas. Essa flor espalhou-se pela Europa, onde foi encontrou verdadeiros apreciadores, em especial pelos pintores.


Outra curiosidade, é que as pétalas da flor de lótus são consideradas autolimpantes. Não entendeu? Eu explico. As pétalas da flor de lótus repelem os microorganismos e poeiras. Cientistas do instituto botânico da universidade de Bonn, na Alemanha, estudam esse efeito autolimpante. Eles consideram-na potencialmente útil para ser aplicada na limpeza doméstica e afins. A flor de lótus é considerada a única planta a regular o calor interno numa temperatura de 35º. Segundo os pesquisadores da Universidade de Adelaide na Austrália, a fama da flor de lótus transcende o âmbito espiritual e seu fascínio atinge seus estudos na botânica. Há muito tempo existe uma tentativa de desvendar alguns enigmas que a planta segrega. Assim como seres humanos, ela é capaz de manter sua temperatura em torno de 35 graus. Esse sistema de auto-regulação de calor, compreensível em organismos complexos, como ocorre com os mamíferos, continua inexplicável para a ciência. Talvez isso explique o porque que o botão dessa misteriosa flor tem o formato de um belíssimo coração e assim as suas pétalas não caem quando a flor morre, elas simplesmente secam, mantendo o saudosismo de suas tão lindas pétalas que um dia foram tão úteis.

Você sabia que os chineses, simbolizam o passado, o presente e o futuro por meio da Flor de Lótus? É verdade. Para eles o passado é representado pela flor seca, o presente pela flor aberta e o futuro pela semente que vai ainda germinar.

Na Índia, se você observar, os deuses aparecem sempre em pé ou sentados sobre a flor de lótus. Sabe porquê? De acordo com a tradição budista Siddharta (que logo se tornaria o Buda) tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus nascerem e crescerem. Para aqueles que seguem a tradição do budismo, cada um dos sete passos do Bodhisatha simboliza um ato de expansão espiritual. Para eles o conhecimento significa a supremacia do espírito, é comparado ao florescimento do Lótus de mil pétalas no topo da cabeça, o significa á auréola dos santos da Igreja Católica.

Até hoje muitos monges e fiéis visualizam esta mesma cena enquanto caminham, imaginando que flores de lótus surgem debaixo de seus pés. Com esta prática acreditam estarem espalhando o amor e a compaixão de Buda simbolizados pela flor. No budismo há a afirmativa que Sidarta Gautama (nome histórico de Buda), possui olhos de lótus, pés de lótus e coxas de lótus. O Guru que introduziu o budismo no Tibete é denominado Padmasambhava, que significa aquele que nasceu do lótus.

São tantas lendas que de acordo com as escrituras indianas foi do umbigo de Deus Vishnu que teria nascido uma brilhante flor de lótus e desta teria surgido outra divindade, isto é, Brahma, o criador do cosmo. Você sabia que nas gravuras indianas deuses costumam aparecer em pé ou sentado sobre a flor. Isso ocorre com as representações do deus elefante, Ganexa de Lakshmi - a deusa da prosperidade e de Seiva - o destruidor.


O lótus é essencial para as pessoas que praticam a ioga. Para seus praticantes, como não se pode conceber hinduísmo sem ioga, não se pode conceber ioga sem o lótus. A ioga é prática basilar do compêndio doutrinário hindu e “representa o caminho seguido para se perceber o Deus interior”.


E você sabe exatamente como se pratica ioga? A ioga desenvolve-se por meio de práticas avançadas de meditação que requerem a observância de uma posição específica do corpo, normalmente uma posição sentada que é denominada “Padmasana” ou “Postura de Lótus” na qual os pés são colocados sobre as coxas do lado oposto. Os iogues acreditam que a posição do lótus propicia para aqueles que praticam o aumento da consciência interna e induz a calma profunda se o praticante associar à postura a filosofia da ioga de forma adequada. Essa mesma concepção tem os esotéricos, eles acreditam que a flor vista de cima infere na interiorização, introspecção e centralização, vista de perfil alude à postura de um iogue sentado remete-se a um raio de luz emanando sobre ele.

Outro fator interessante é que no interior das pirâmides e nos antigos palácios do Egito o lótus também é representado como planta sagrada pertencente ao mundo dos deuses. Um dos mais interessantes relatos da mitologia egípcia sobre a origem de nosso planeta conta que num tempo muito distante, quando o universo ainda não existia, um cálice de lótus com as pétalas fechadas flutuava nas trevas, um relato que faz lembrar a declaração bíblica que diz: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2, grifo do autor). Entediada com o vazio, a flor pediu ao deus-Sol Rá (uma divindade andrógina, simultaneamente masculina e feminina) que criasse o universo. Tendo criado, a flor agradecida pelo desejo realizado passou a abrigar o deus-Sol em suas pétalas durante a noite de onde ele sai ao amanhecer para iluminar a sua criação.


Outro dado curioso é que os chineses associavam a flor de lótus ao órgão genital feminino. Isso porque na antiga China não havia elogio melhor para uma mulher do que chamá-la de “lótus de ouro” Para os pesquisadores franceses Jean Chevalier e Alain Cherbrant no livro dicionário de símbolos, a planta é associada ao nascimento e a criação. Naquele país a deusa do amor e da compaixão Kuan Yin é a mais venerada entre as divindades chinesas femininas, é representada com flores de lótus ainda fechadas nas mãos e nos pés. Sendo assim os fiéis acreditam que a planta teria o dom de aflorar os sentimentos amorosos já que o botão da flor tem o formato de um coração.


E mais... Acredita-se em que a haste dura da planta simboliza a firmeza, a opulência de sementes estaria relacionada à fertilidade e prosperidade, as folhas - como nascem juntas - indicariam felicidade conjugal. Na medicina chinesa, a planta é consumida como chá por possuir qualidades terapêuticas que vão desde a cura de doenças renais e pulmonares até o combate do estresse e insônia.


Mas para os cristãos não devem haver nenhuma espécie de culto à flor, imagina-se que seria algo ilógico diante do relativismo de significados nela contidos. Bem ao contrário da crença hindu e egípcia dita aqui, partimos do princípio de que flor de lótus tem lugar garantido na criação divina quando Deus criou o mundo, e quando terceiro dia da sua criação disse: “Cubra-se a terra de vegetação: plantas (entre elas a lótus) que dêem sementes (...) E assim foi” (Gn 1.11). Éo que presumi-se, nada mais! Mesmo porque seria um erro atribuir qualquer espécie de poder espiritual a objetos inanimados. A pergunta seria: O lótus tem poder sobre as pessoas e aos seres? E a resposta definitiva: Não! Essa e nem outra planta teria o poder de transformar as pessoas em seres puros e iluminados, em resumo classificariam talvez como mero folclore religioso.


E o mantra, a ioga como são classificados pelas escrituras sagradas? São claramente condenados. Veja bem; se o Deus censurou a utilização de palavras vazias e repetitivas nas orações que supostamente eram dirigidas a Ele (Mt 6.7), o que dizer quando tais cânticos oferecidos a uma planta: Como por exemplo: “Ó jóia preciosa do lótus”?!

Segundo afirmações de estudiosos, “Os praticantes da ioga, estão se colocando cada vez mais sob a influência de Satanás. Na Índia, um iogue é tido como um mahsiddha, ou seja, um bruxo e a prática da ioga desde a antiguidade está relacionada a poderes ocultos e mágicos”. Sabe porque essa polemica? A Bíblia nos admoesta acerca da saudável meditação: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (maiores informações sobre ioga, consultar Defesa da Fé nº37 - Ioga: ginástica, terapia ou religião). Em resumo, percebe-se que infelizmente a beleza e a simbologia dessa linda flor está relacionada a práticas antibíblicas. O mantra do lótus Imagine a cena: a fumaça do incenso envolve como nuvem os monges budistas do templo Doi Suthep, construído no século XIV nos arredores da cidade de Ching Mai, no norte da Tailândia. Como é corriqueiro, ao amanhecer eles estão lavando as mãos nos botões rosados da flor de lótus espalhando um perfume suave no ar. Com a voz grave ritualmente os monges começam a murmurar o mani padami, um dos principais mantras do budismo - originário do antigo idioma sânscrito. A frase exaustivamente repetida significa: “Ó jóia preciosa do lótus”. Terminado o ritual eles depositam uma quantidade tão grande de lótus sobre os pés de Buda que quase soterram a imagem sagrada. Esse cenário religioso permeia milhões de pessoas de vários países asiáticos que igualmente crêem que o mantra do lótus tem a capacidade de transformar as pessoas em seres puros e iluminados, como o próprio Buda. As palavras sagradas deste canto estão gravadas nas bandeiras, nos sinos que alertam para as cerimônias, em artigos como anéis e pulseiras, nos enormes moinhos de orações que são girados nos templos pelos toques das mãos dos fiéis etc. Destarte, o “aroma” do lótus impregna o Tibete, Tailândia, Índia, Butão, Indonésia, China e é raro encontrar um país da Ásia onde o lótus não seja considerado sagrado. Curiosidades sobre a planta Origem: Sudeste da Ásia Família: Ninfeáceas Porte: Sua haste pode alcançar mais de um metro acima do nível da água. Período de floração: primavera e início do verão Flores: Produz flores brancas, cor-de-rosa ou brancas com as bordas rosadas. Multiplicação: por meio de sementes ou divisão de rizomas Luminosidade: sol pleno Esoterismo: Os povos orientais têm esta flor como símbolo da espiritualidade, pois acreditam que ela desabrocha aqui na Terra somente depois de ter nascido no mundo espiritual. O lótus também representaria a pureza, pois emerge limpa e imaculada do meio de águas turvas e lodosas. Cultivo: Pode ser cultivada em vasos imersos, tanques de jardim, lagos ou lagoas. Seu cultivo em vaso necessita de 2 partes de terra argilosa, 1 parte de esterco bovino bem curtido ou composto orgânico. Por ser uma planta aquática dispensa regas.


Lenda da Flor de Lótus

Certo dia, à margem de um tranqüilo lago solitário, a cuja margem se erguiam frondosas árvores com perfumosas flores de mil cores, e coalhadas de ninhos onde aves canoras chilreavam, encontraram-se quatro elementos irmãos: o fogo, o ar, a água e a terra.


- Quanto tempo sem nos vermos em nossa nudez primitiva - disse o fogo cheio de entusiasmo, como é de sua natureza.


É verdade - disse o ar. - É um destino bem curioso o nosso. À custa de tanto nos prestarmos para construir formas e mais formas, tornamo-nos escravos de nossa obra e perdemos nossa liberdade.


- Não te queixes - disse a água -, pois estamos obedecendo à Lei, e é um Divino Prazer servir à Criação. Por outro lado, não perdemos nossa liberdade; tu corres de um lado para outro, à tua vontade; o irmão fogo, entra e sai por toda parte servindo a vida e a morte. Eu faço o mesmo.


- Em todo o caso, sou eu quem deveria me queixar - disse a terra - pois estou sempre imóvel, e mesmo sem minha vontade, dou voltas e mais voltas, sem descansar no mesmo espaço.


- Não entristeçais minha felicidade ao ver-nos - tornou a dizer o fogo - com discussões supérfluas. É melhor festejarmos estes momentos em que nos encontrarmos fora da forma. Regozijemo-nos à sombra destas árvores e à margem deste lago formado pela nossa união.


Todos o aplaudiram e se entregaram ao mais feliz companheirismo. Cada um contou o que havia feito durante sua longa ausência, as maravilhas que tinham construído e destruído. Cada um se orgulhou de se haver prestado para que a Vida se manifestasse através de formas sempre mais belas e mais perfeitas. E mais se regozijaram, pensando na multidão de vezes que se uniram fragmentariamente para o seu trabalho. Em meio de tão grande alegria, existia uma nuvem: o homem. Ah! como ele era ingrato. Haviam-no construído com seus mais perfeitos e puros materiais, e o homem abusava deles, perdendo-os. Tiveram desejo de retirar sua cooperação e privá-lo de realizar suas experiências no plano físico.



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