quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Quem foi Antônio Gonçalves Dias?







Índice

01- Quem foi Antônio Gonçalves Dias?
02- O grande amor - Ana Amélia
03- Julgamento crítico
- De Alexandre Herculano
- José de Alencar
- De Machado de Assis

04- Cronologia
05- Obras
06- Alguns poemas de Gonçalves Dias
07- Bibliografia


Introdução





Este é um trabalho realizado pelos alunos do 2º D do Ensino Médio do Colégio Cora Coralina, Luzia Godoi, Ana Carolina, Ítalo Mello e Wesley. Trabalho este que tem como objetivo apresentar aos professores e alunos a trajetória de vida de Antônio Gonçalves Dias, grande poeta que deixou gravada a sua história dentro da literatura brasileira.






Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias, Maranhão, em 1823, filho de pai português e mãe provavelmente cafuza, Gonçalves Dias era um homem que se orgulhava de ter no sangue as três raças formadoras do povo brasileiro: a branca, a índia e a negra.




Após a morte do pai, sua madrasta mandou-o para a Universidade em Coimbra, onde ingressou em 1840. Atravessando graves problemas financeiros, Gonçalves Dias é sustentado por amigos até se graduar bacharel em 1844. Retornando ao Brasil, conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, grande amor de sua vida. Em 1847, publica os Primeiros Cantos. Esse livro lhe trouxe a fama e a admiração de Alexandre Herculano e do Imperador Dom Pedro II.





Para saber mais, acompanhe este trabalho e você saberá dados importantes e curiosos sobre a vida deste grande poeta da Era do Romantismo Brasileiro.




Antônio Gonçalves Dias, nasceu no dia 10/08/1823, em Caxias (Maranhão), filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira (o que muito o orgulhava de ter o sangue das três raças formadoras do povo brasileiro: branca, indígena e negra), e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837. Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi matriculado em uma escola particular.





Foi estudar na Europa, em Portugal em 1838 onde terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de retornar, ainda em Coimbra, participou dos grupos medievistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das idéias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antonio Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do exílio e parte dos poemas de "Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama Patkull; e "Beatriz de Cenci", depois rejeitado por sua condição de texto "imoral" pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do romance biográfico "Memórias de Agapito Goiaba", destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.





No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas, inclusive "Ainda uma vez — Adeus" foram escritas para ela. Nesse mesmo ano viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Comércio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crônicas, folhetins teatrais e crítica literária.





Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo.Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma idéia de Brasil a literatura nacional.


Litografia de Gonçalves Dias em rótulo de cigarro. Em 1849 fundou com Porto Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o problema da instrução pública naquele estado.


Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.





Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta que foi esquecido agonizando em seu leito e se afogou. O acidente ocorreu nos baixios de Atins, perto da vila de Guimarães no Maranhão.





Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo. Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma idéia de Brasil a literatura nacional.


O grande amor - Ana Amélia




Por ocasião da elaboração da antologia poética da fase romântica, elaborada por Manuel Bandeira, Onestaldo de Pennafort gentilmente escreveu a nota que segue, retirada daquela obra e aqui transcrita: " A poesia "Ainda uma vez --adeus,--" bem como as poesias "Palinódia e "Retratação" -- foram inspiradas por Ana Amélia Ferreira do Vale, cunhada do Dr. Teófilo Leal, ex-condiscípulo do poeta em Portugal e seu grande amigo.





Gonçalvez Dias viu-a pela primeira vez em 1846 no Maranhão. Era uma menina quase, e o poeta, fascinado pela sua beleza e graça juvenil, escreveu para ela as poesias "Seus olhos" e "Leviana". Vindo para o Rio, é possível que essa primeira impressão tenha desaparecido do seu espírito. Mais tarde, porém, em 1851, voltando a S. Luís, viu-a de novo, e já então a menina e moça de 46 se fizera mulher, no pleno esplendor da sua beleza desabrochada. O encantamento de outrora se transformou em paixão ardente, e, correspondido com a mesma intensidade de sentimento, o poeta, vencendo a timidez, pediu-a em casamento à família.





A família da linda Dona Ana - como lhe chamavam- tinha o poeta em grande estima e admiração. Mais forte, porém, do que tudo era naquele tempo no Maranhão o preconceito de raça e casta. E foi em nome desse preconceito que a família recusou o seu consentimento.


Por seu lado o poeta, colocado diante das duas alternativas: renunciar ao amor ou à amizade, preferiu sacrificar aquela a esta, levado por um excessivo escrúpulo de honradez e lealdade, que revela nos mínimos atos de sua vida. Partiu para Portugal. Renúncia tanto mais dolorosa e difícil por que a moça que estava resolvida a abandonar a casa paterna para fugir com ele, o exprobrou em carta, dura e amargamente, por não ter tido a coragem de passar por cima de tudo e de romper com todos para desposá-la!


E foi em Portugal, tempos depois, que recebeu outro rude golpe: Dona Ana, por capricho e acinte à família, casara-se com um comerciante, homem também de cor como o poeta e nas mesmas condições inferiores de nascimento. A família se opusera tenazmente ao casamento, mas desta vez o pretendente, sem medir considerações para com os parentes da noiva, recorreu à justiça, que lhe deu ganho de causa, por ser maior a moça. Um mês depois falia, partindo com a esposa para Lisboa, onde o casal chegou a passar até privações.


"Foi aí, em Lisboa, num jardim público, que certa vez se defrontaram o poeta e a sua amada, ambos abatidos pela dor e pela desilusão de suas vidas, ele cruelmente arrependido de não ter ousado tudo, de ter renunciado aquele que com uma só palavra sua se lhe entregaria para sempre. desvairado pelo encontro, que lhe reabrira as feridas e agora de modo irreparável, compôs de um jato as estrofes de "Ainda uma vez - adeus -" as quais, uma vez conhecidas da sua inspiradora, foram por esta copiadas com o seu próprio sangue."




Julgamento crítico

De Alexandre Herculano





“Os primeiros cantos são um belo livro; são inspirações de um grande poeta. A terra de Santa Cruz, que já conta outros no seu seio, pode abençoar mais um ilustre filho. O autor, não o conheço; mas deve ser muito jovem. Tem os defeitos do escritos ainda pouco amestrado pela experiência: imperfeições de língua, de metrificação, de estilo. Que importa? O tempo apagará essas máculas, e ficarão as nobres inspirações estampadas nas páginas deste formoso livro”.





“Abstenho-me de outras citações, que ocupariam demasiado espaço, não posso resistir à tentação de transcrever das Poesias Diversas uma das mais mimosas composições líricas que tenho lido na minha vida. (Aqui vinha transcrita a poesia Seus Olhos.) Se estas poucas linhas, escritas de abundância de coração, passarem, os mares, receba o autor dos Primeiros Cantos testemunho sincero de simpatia, que não costuma nem dirigir aos outros elogios encomendados nem pedi-los para si" ("Futuro Literário de Portugal e do Brasil" em Revista Universal Lisbonense, t.7,pág. 7 ano de 1847-1848).





De José de Alencar





"Gonçalves Dias é o poeta nacional por excelência: ninguém lhe disputa na opulência da imaginação, no fino lavor do verso, no conhecimento da natureza brasileira e dos seus costumes selvagens" (Iracema).


De Machado de Assis

“Depois de escrita a revista, chegou à notícia da morte de Gonçalves Dias, o grande poeta dos Cantos e dos Timbiras. A poesia nacional cobre-se, portanto, de luto. Era Gonçalves Dias o seu mais prezado filho, aquele que de mais louçania a cobriu. Morreu no mar-túmulo imenso para talento. Só me resta espaço para aplaudir a idéia que se vai realizar na capital do ilustre poeta. Não é um monumento para Maranhão, é um monumento para o Brasil. A nação inteira deve concorrer para ele”. (Crônicas em Diário do Rio de Janeiro, de 9 de novembro de 1894).







Cronologia





1823 - 10 de agosto: Nasce no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá, a 14 léguas da vila de Caxias, Antônio Golçalves Dias. Filho do comerciante João Manuel Gonçalves Dias, natural de Trás-os-Montes, e de Vicência Ferreira, maranhense.

1830 - É matriculado na aula de primeiras letras do Prof. José Joaquim de Abreu.

1833 - Começa a servir na loja do pai como caixeiro e encarregado da escrituração.

1835 - É retirado da casa comercial e matriculado no curso do Prof. Ricardo Leão Sabino, onde principia a estudar latim, francês e filosofia.

1838 - Parte para São Luís, onde embarcará para Portugal; chega em outubro a Coimbra e entra para o Colégio das Artes.

1840 - 31 de outubro: Matricula-se na Universidade.

1845 - Embarca no Porto para São Luís, aonde chega em março, partindo no dia 6 para Caxias.

1846 - Embarca para o Rio de Janeiro.

1847 - Aparecem os Primeiros Cantos, trazendo no frostispício a data de 1846.

1848 - Aparecem os Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão.

1849 - É nomeado professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II.

1851 - Publicação dos Últimos Cantos.

1852 - É nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros.

1854 - Parte para Europa.

1856 - Viagem à Alemanha. É nomeado chefe da seção de Etnografia da Comissão Científica de Exploração.

1857 - O livreiro-editor Brockhaus, de Dresda, edita os Cantos, os primeiros quatro cantos do poema Os Timbiras e o Dicionário da Língua Tupi.

1859 - 1861 - Trabalhos da Comissão no interior do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pará e Amazonas, chegando até Mariná, no Peru.

1862 - Parte para o Maranhão, mas no Recife, depois de consultar médico, resolve embarcar para Europa.

1862 - 22 de agosto: É desligado da comissão Científica de Exploração.


1862 - 1863 - Estação de cura em Vicky. Marienbad, Dresda, Koenigstein, Teplitz e Carlsbad.

Em Bruxelas sofre a operação de amputação da campainha.

1863 - 25 de outubro: Embarca em Bordéus para Lisboa, onde termina a tradução de A noiva de Messina, de Schiller.

1864 - Fins de Abril: Volta a Paris. Estações de cura em Aix-ls-Bains, Allevard e Ems (Maio, junho e julho).

1864 - 10 de setembro: Embarca o Poeta no Haver no navio Ville de Boulogne. Piora em viagem e no dia 3 de novembro: Naufrágio nas costas do Maranhão e morte de Gonçalves Dias.




Obras





1843: Canção do exílio

1846: Primeiros cantos

1846: Meditação

1846: O Brazil e Oceania (prosa)

1848: Segundos Cantos

1848: As sextilhas de Frei Antão

1846: Seus Olhos

1857: Os timbiras

1851: I-Juca-Pirama

1858: Dicionário da Língua Tupi chamada língua geral dos indígenas do Brasil.
Quem foi Antônio Gonçalves Dias?


Alguns poemas de Gonçalves Dias

Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Canção do Exílio



Olhos Verdes





São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança,
Uns olhos por que morri;
Que ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte,
Diz uma — vida, outra — morte;
Uma — loucura, outra — amor.
Mas ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mas ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
São uns olhos verdes, verdes,
Que podem também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do prado,
Mas verdes da cor do mar.
Mais ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como se lê num espelho,
Puder ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas ai de mim!
Quem foi Antônio Gonçalves Dias?

Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Dizei vós, ó meus amigos,
Se vos perguntam por mim,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos cor de esperança,
De uns olhos verdes que vi!
Que ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Dizei vós: Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos da cor do mar:
Eram verdes sem esperança,
Davam amor sem amar!
Dizei-o vós, meus amigos,
Que ai de mim!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!


Conclusão





Portanto, conclui-se que Antônio Gonçalves Dias pertence ao cânone romântico europeu na medida em que, com a sua obra de poeta e de escritor, concorre para as diretrizes principais do lirismo do século XIX, é isso não somente no enriquecimento da estética romântica, com a contribuição da lírica de tradição portuguesa, mas também pela expressão do homem romântico, dimensionada com uma nova sensibilidade de espontânea simplicidade, própria do mesmo.


Bibliografia


Blog: rosarodriguesjornalistaeradialista.blogspot.com


Montello, J. Para conhecer melhor Gonçalves Dias. Rio de Janeiro: Block. 1973. 138 p.


Brait, B. Gonçalves Dias. São Paulo: Nova Cultural. 1988 (Literatura Comentada)







Quem foi Antônio Gonçalves Dias?

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