Em 1996, por iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte, foi realizada uma pesquisa em que buscava respostas junto a sociedade para saber se "Um filme de Stive Spielberg é cultura? Segundos resultados da pesquisa, aproximadamente dois terços das pessoas não veem os filmes do cineasta como cultura e sim como lazer ou entretenimento.
De acordo com Daniel Piza, no livro Jornalismo Cultural:
"É óbvio que um filme de Spielberg é cultura, por liberdade com signos e valores".(PIZA, 2004, pág.46)
Portanto na visão dos entrevistados daquela pesquisa, nota-se que estes não consideram filmes como Indiana Jones, Tubarão, ET, Inteligência Artificial entre outros como produto cultural, pois trata-se de filmes que são vistos pela grande massa seja rica ou seja pobre. Para essas pessoas cultura está ligada aquilo que exige reflexão e discurso filosófico, do contrário são considerados populistas. O que não é verdade. Os filmes de Spielberg são de qualidades sólidas em sua grande maioria. É errado afirmar que só é cultural quando se trata de algo inatingível pelas classes menos favorecidas.
Conceitos e Eras Culturais
Obscuras ou não essa prática, o jornalismo cultural ao longo dos anos vem reafirmando sua existência e sofrendo alterações significativas e atraindo para o seu exercício, não mais velhos professores universitários e jornalistas veteranos e sim jovens profissionais, uma vez que este ainda tem sido assunto secundário e decorativo para as redações modernas em que buscam a informação sem a preocupação de levar a novidade para o seu público-alvo.
O jornalismo cultural não deixa de ser considerado nas palavras de quem já viveu o praticou como entretenimento:
"Entretenimento versus erudição, nacional versus internacional, regional versus central, jornalista versus acadêmico, reportagem
versus crítica" (PIZA, 2004, pág.8)
As palavras de Piza, nos remete ao longo da história do jornalismo cultural, nos anos de 1991, quando surgia no Caderno 2 do jornal O Estado de S.Paulo, onde este era considerado de valor intenso e as vezes considerado subliminar, o que na revista Ilustrada, nos anos de 1992 e 1995, o jornalismo cultural era desenvolvido mais por professores universitários. No gazeta Mercantil, em meados de 1995, o jornalismo cultural era simplesmente provocativo e instigava o leitor a ter uma visão perspectiva dos assuntos abordados, principalmente em editorias de política.
Mas voltemos um pouco mais na linha do tempo, onde nos anos de 1711, Richard Stiele (1672-1729) e Joseph Addison (1672-1719) lançaram juntos The Spectator, uma revista diária cujo conteúdo era voltado para a filosofia dos gabinetes e bibliotecas, escolas e faculdades e leva-las para serem discutidas nas assembléias, chás e cafés e assim os seus objetivos foram concretizando aos poucos ao ponto de ter ficado aproximadamente quatro anos circulando por estes locais.
Mais Richard e Adison fazem parte de uma época em que as pessoas apreciavam com mais atenção as óperas, liam livros diversos, freqüentavam teatros e festivais, numa época em que a política era abordada mais de forma espirituosa sem conflitos ou confrontos adversos. A forma de escrever dos dois eram de avaliação, respeitando com ética todos os valores da arte.
O jornalismo cultural teve um referencial também quando Shakespeare surgiu na Inglaterra com o seu teatro, quando Jonathan Swift, escreveu na Itália Viagens de Gulliver, época em que o jornalismo cultural nasce e começa abrir caminhos para discussão de assuntos voltados a música, entre outros feitos.
Segundo o autor Daniel, grandes datas marcaram a história do jornalismo cultural:
"Daniel Defoe, autor de Robinson Crusoé, (1704-1713) escreveu sozinho Review, um produto da corte(...) Samuel Johnson (1709-1784) em The Rambler, e William Hazlitt (1778-1830), em The Examiner, para falar de Charles Lamb, na London Magazine".(PIZA, 2004, pág. 13)
Esses autores contribuíram para a existência do jornalismo cultural em todo o mundo jornalístico. Estes foram os precursores críticos da cultura mundial, resgatando histórias da arte elitista ou populista, sempre embasados no conhecimento de um período de reafirmações de valores, de revoluções e por conquistas dos direitos dos cidadãos.
A Revolução Francesa em 1789, só existiu nos livros e jornais, graças ao jornalismo cultura. Por tais motivos devemos tomar todo cuidado quando reportamos fatos num sentido limitado, onde determinamos conteúdos informativos e assim acabam viciando a sensibilidade daquele que mais precisamos 'o leitor'. É preciso perceber, analisar e discutir o que se faz hoje e denominamos como jornalismo cultural. Quando este conteúdo não é bem identificado, torna-se nocivo e leva o mesmo a perda de identidade, valores e poder de reflexão dos hábitos sociais.
O jornalista que está disposto a fazer o melhor conteúdo jornalistico cultural, deve antes de mais nada saber se pautar e reportar o que é ou não cultural. Do contrário o conceito de patrimônio material, vai continuar abrangendo todas as formas tradicionais e populares de cultura transmitidas oralmente, por gestos, festas, músicas, costumes e celebrações. O patrimônio cultural imaterial também passará a ser conhecido como intangível.
Vale lembrar que o jornalista que pauta, escreve e edita, este por sua vez hierarquiza o conteúdo cultural de maneira que o público cria suas percepções a base daquilo que o profissional apresentou, levando este ao contato com o novo (novidade) e não ao objetivo central do fato como é feito nas reportagens que são diariamente editadas pelos veículos de comunicação.
Jornalismo cultural é um portanto um campo do jornalismo especializado na cobertura de diversas manifestações artísticas/culturais, tais como teatro, dança, música, cinema, artes plásticas, folclore e televisão. contudo, existem correntes de pensamento que classificam todo o jornalismo como cultural, já que o jornalismo nasce dentro e expressa nossa cultura.
Em artigo publicado pela Universidade Federal do Maranhão (jornalismo Cultural: em busca de um conceito), o jornalista Francisco Gonçalves da Conceição declara que
"O jornalismo cultural trata das questões do cotidiano, de realidades, trata-se de uma maneira singular de conhecimento do mundo, diferenciada quer das ciências quer das artes em geral".
Desta maneira, a folia de Reis se insere no Jornalismo Cultural por se tratar de uma manifestação artística/religiosa, presente na maior parte dos municípios brasileiros.
O jornalismo cultural pode ser classificado segundo três definições básicas:
- Interpretativo - Crônicas, cartuns, charges e histórias em quadrinhos. Criação por meio de metáforas, onde o autor cria sentidos.
- Informativo - É apresentado na forma de reportagem.
- Opinativo - Textos que apresentam a opinião do veículo ou do autor.
No Brasil o jornalismo cultural a partir da metade do século XX, tem assumido um novo caráter, devido a mudanças de valores relativas as classes sociais, territórios e identidade nacional. Mudanças essas decorrentes principalmente das profundas alterações políticas desse período. Há a necessidade de diálogo com esses novos valores.
Para o jornalista Teixeira Coelho, a questão dos valores em cultura está ligado à ideologia, e no Brasil, apo´s o período de ditadura, cabe ao jornalista cultural elaborar por si mesmo uma lista de valores que possam orientá-lo no trato da questão cultura contemporânea.
De acordo com Daniel Piza, no livro Jornalismo Cultural:
"É óbvio que um filme de Spielberg é cultura, por liberdade com signos e valores".(PIZA, 2004, pág.46)
Portanto na visão dos entrevistados daquela pesquisa, nota-se que estes não consideram filmes como Indiana Jones, Tubarão, ET, Inteligência Artificial entre outros como produto cultural, pois trata-se de filmes que são vistos pela grande massa seja rica ou seja pobre. Para essas pessoas cultura está ligada aquilo que exige reflexão e discurso filosófico, do contrário são considerados populistas. O que não é verdade. Os filmes de Spielberg são de qualidades sólidas em sua grande maioria. É errado afirmar que só é cultural quando se trata de algo inatingível pelas classes menos favorecidas.
Conceitos e Eras Culturais
Obscuras ou não essa prática, o jornalismo cultural ao longo dos anos vem reafirmando sua existência e sofrendo alterações significativas e atraindo para o seu exercício, não mais velhos professores universitários e jornalistas veteranos e sim jovens profissionais, uma vez que este ainda tem sido assunto secundário e decorativo para as redações modernas em que buscam a informação sem a preocupação de levar a novidade para o seu público-alvo.
O jornalismo cultural não deixa de ser considerado nas palavras de quem já viveu o praticou como entretenimento:
"Entretenimento versus erudição, nacional versus internacional, regional versus central, jornalista versus acadêmico, reportagem
versus crítica" (PIZA, 2004, pág.8)
As palavras de Piza, nos remete ao longo da história do jornalismo cultural, nos anos de 1991, quando surgia no Caderno 2 do jornal O Estado de S.Paulo, onde este era considerado de valor intenso e as vezes considerado subliminar, o que na revista Ilustrada, nos anos de 1992 e 1995, o jornalismo cultural era desenvolvido mais por professores universitários. No gazeta Mercantil, em meados de 1995, o jornalismo cultural era simplesmente provocativo e instigava o leitor a ter uma visão perspectiva dos assuntos abordados, principalmente em editorias de política.
Mas voltemos um pouco mais na linha do tempo, onde nos anos de 1711, Richard Stiele (1672-1729) e Joseph Addison (1672-1719) lançaram juntos The Spectator, uma revista diária cujo conteúdo era voltado para a filosofia dos gabinetes e bibliotecas, escolas e faculdades e leva-las para serem discutidas nas assembléias, chás e cafés e assim os seus objetivos foram concretizando aos poucos ao ponto de ter ficado aproximadamente quatro anos circulando por estes locais.
Mais Richard e Adison fazem parte de uma época em que as pessoas apreciavam com mais atenção as óperas, liam livros diversos, freqüentavam teatros e festivais, numa época em que a política era abordada mais de forma espirituosa sem conflitos ou confrontos adversos. A forma de escrever dos dois eram de avaliação, respeitando com ética todos os valores da arte.
O jornalismo cultural teve um referencial também quando Shakespeare surgiu na Inglaterra com o seu teatro, quando Jonathan Swift, escreveu na Itália Viagens de Gulliver, época em que o jornalismo cultural nasce e começa abrir caminhos para discussão de assuntos voltados a música, entre outros feitos.
Segundo o autor Daniel, grandes datas marcaram a história do jornalismo cultural:
"Daniel Defoe, autor de Robinson Crusoé, (1704-1713) escreveu sozinho Review, um produto da corte(...) Samuel Johnson (1709-1784) em The Rambler, e William Hazlitt (1778-1830), em The Examiner, para falar de Charles Lamb, na London Magazine".(PIZA, 2004, pág. 13)
Esses autores contribuíram para a existência do jornalismo cultural em todo o mundo jornalístico. Estes foram os precursores críticos da cultura mundial, resgatando histórias da arte elitista ou populista, sempre embasados no conhecimento de um período de reafirmações de valores, de revoluções e por conquistas dos direitos dos cidadãos.
A Revolução Francesa em 1789, só existiu nos livros e jornais, graças ao jornalismo cultura. Por tais motivos devemos tomar todo cuidado quando reportamos fatos num sentido limitado, onde determinamos conteúdos informativos e assim acabam viciando a sensibilidade daquele que mais precisamos 'o leitor'. É preciso perceber, analisar e discutir o que se faz hoje e denominamos como jornalismo cultural. Quando este conteúdo não é bem identificado, torna-se nocivo e leva o mesmo a perda de identidade, valores e poder de reflexão dos hábitos sociais.
O jornalista que está disposto a fazer o melhor conteúdo jornalistico cultural, deve antes de mais nada saber se pautar e reportar o que é ou não cultural. Do contrário o conceito de patrimônio material, vai continuar abrangendo todas as formas tradicionais e populares de cultura transmitidas oralmente, por gestos, festas, músicas, costumes e celebrações. O patrimônio cultural imaterial também passará a ser conhecido como intangível.
Vale lembrar que o jornalista que pauta, escreve e edita, este por sua vez hierarquiza o conteúdo cultural de maneira que o público cria suas percepções a base daquilo que o profissional apresentou, levando este ao contato com o novo (novidade) e não ao objetivo central do fato como é feito nas reportagens que são diariamente editadas pelos veículos de comunicação.
Jornalismo cultural é um portanto um campo do jornalismo especializado na cobertura de diversas manifestações artísticas/culturais, tais como teatro, dança, música, cinema, artes plásticas, folclore e televisão. contudo, existem correntes de pensamento que classificam todo o jornalismo como cultural, já que o jornalismo nasce dentro e expressa nossa cultura.
Em artigo publicado pela Universidade Federal do Maranhão (jornalismo Cultural: em busca de um conceito), o jornalista Francisco Gonçalves da Conceição declara que
"O jornalismo cultural trata das questões do cotidiano, de realidades, trata-se de uma maneira singular de conhecimento do mundo, diferenciada quer das ciências quer das artes em geral".
Desta maneira, a folia de Reis se insere no Jornalismo Cultural por se tratar de uma manifestação artística/religiosa, presente na maior parte dos municípios brasileiros.
O jornalismo cultural pode ser classificado segundo três definições básicas:
- Interpretativo - Crônicas, cartuns, charges e histórias em quadrinhos. Criação por meio de metáforas, onde o autor cria sentidos.
- Informativo - É apresentado na forma de reportagem.
- Opinativo - Textos que apresentam a opinião do veículo ou do autor.
No Brasil o jornalismo cultural a partir da metade do século XX, tem assumido um novo caráter, devido a mudanças de valores relativas as classes sociais, territórios e identidade nacional. Mudanças essas decorrentes principalmente das profundas alterações políticas desse período. Há a necessidade de diálogo com esses novos valores.
Para o jornalista Teixeira Coelho, a questão dos valores em cultura está ligado à ideologia, e no Brasil, apo´s o período de ditadura, cabe ao jornalista cultural elaborar por si mesmo uma lista de valores que possam orientá-lo no trato da questão cultura contemporânea.
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