domingo, 4 de janeiro de 2009

O Som da Cibercultura




Vamos explorar a dimensão artística ou estética da cibercultura, analisando as novas modalidades de produção e de recepção das obras do espírito. As Artes do Virtual basea-se nas composições de partituras ou de textos, músicas "Tecno" resultantes de um trabalho recursivo de amostragem e arranjo de músicas já existentes.


A música tecno é a identidade da cibercultura é feita de uma grande reserva de amostras de sons. Na música tecno contamos com a participação ativa dos intérpretes, criação coletiva obra-acontecimento,obra-processo, interconexão e mistura dos limites, obra emergente e tudo isso resumido em duas palavras, "autor e gravação".




A globalização da música, isto é, ela é mundial, eclética e mutável, sem sistema unificador. Mais antes ser considerada globalizada, era gravada por músicos locais, para um público local. Por isso quando mencionamos a música como mutável, explicamos a passagem da cena musical internacional de um estado a outro: uma faz interferir as transformações da economia e da sociedade. A qualidade das gravações ultrapassaram um certo limite, o rádio, por exemplo transmitia apenas peças tocadas ao vivo, após a Segunda Guerra Mundial, transmitia discos com boa qualidade sonora, o fenômeno da música mundial de massa tomou vulto, sobretudo com o rock e o pop nos anos 60 e 70, porém novos gêneros,novos estilos, novos surgem constantemente, recriando as diferenças de potencial que agitam o espaço musical planetário, tornando-a uma ilustração do universal sem totalidade, já que os estilos mundiais são múltiplos, em via de transformação e de renovação constantes; principalmente com a música tecno: O som da cibercultura.


Música Oral, Escrita, Gravada, nas sociedades de cultura oral, a música é recebida por audição direta, difundida por imitação e evolui por imitação e evolui por reinvenção de temas e de gêneros, sem autor identificado.


A escrita da música não é mais estudada no corpo a corpo, do ouvido á boca e da mão ao ouvido, mas por meio de texto. Se a interpretação, ou seja, a atualização sonora, continua sendo objeto de uma iniciação, de uma imitação e reinvenção contínuas, a parte escrita da música, sua composição, a partir de agora encontrá-se fixada, separada do contexto da recepção.


O surgimento de uma tradição escrita reforça a figura do "compositor" que assina uma particular original.


Quase no final dos anos 60, o estúdio de gravação tornou-se o grande integrador, o instrumento principal da criação musical. A gravação fixou os estilos de interpretação da música escrita, ao mesmo tempo que regulou sua evolução.


A gravação tornou-se responsável, á sua maneira, pelo arquivamento e pela preservação histórica de músicas que haviam permanecido na esfera da tradição oral.Gêneros musicais, como o jazz ou o rock, só existem hoje devido a uma verdadeira"tradição de gravação".

A música tecno é feita a partir de amostragens, mixagens e transformações diversas por parte de outros músicos, e assim por diante. Na produção da música tecno, você precisa do estúdio digital, comandado por um simples computador pessoal, o seqüenciador para o auxílio á composição, o sampler para a digitalização do som, os programas de mixagens e arranjos do som digitalizado e o sintetizador que permite uma seqüência de instruções musicais produzida em qualquer estúdio digital seja tocada em qualquer sintetizador do planeta.


A título de exemplo, o gênero jungle só prática a amostragem, o acid jazz é produzido a partir do sampling de velhos pedaços de jazz gravados. No tecno, cada ator do coletivo de criação extrai matéria sonora de um fluxo em circulação em uma rede tecno social. Essa matéria é misturada, arranjada, transformada, e depois rejeitada na forma de uma peça "original".


A música tecno está de acordo com o princípio de uma comunidade virtual produzidos durante "festas rave" e adquirem sentido em comunidades mais ou menos efêmeras de músicos ou disc-jóqueis. Cada um é, portanto, ao mesmo tempo produtor de matéria-prima, transformador, autor, intérprete e ouvinte em um circüito instável e auto-organizado de criação cooperativa e de apreciação concorrente.


A música tecno é digital, é a favorita das FM's, é sampleada, arrancada de um contexto original, mixadas, transformadas e finalmente, sobre ritmos flutuantes ou frenéticos visando provocar efeitos de transe.


Por isso a música tecno ilustra a figura singular do universal sem totalidade mais quanto mais universal for, menos totalizável será.

Nenhum comentário:

Postar um comentário