sexta-feira, 1 de abril de 2011

Análise.: Jornalismo de Rádio com Milton Jung

O jornalista Milton Jung em 2004, lançou o livro Jornalismo de Rádio, pela editora Contexto. A obra de Jung conta como é feito o rádio no Brasil. Este que mesmo depois de tantas mudanças tecnológicas carrega consigo todo um modelo de rádio produzido em 1922, na época do seu nascimento. O Programa Repórter Esso serve como referencia ainda hoje para se fazer rádio, diz Milton Jung, O Repórter Esso foi de grande sucesso na Rádio Nacional e logo foi para a TV, foi também modelo para a construção dos atuais noticiários, desde a forma de escrever, apresentar ou falar.


O livro aponta técnicas de como produzir para esse meio que mesmo depois de 84 anos, superou todas as censuras. Ele faz uma critica ao rádio moderno, a religião, a forma de mantê-lo no ar, fala das suas fontes, da informação processada em tempo real sem a preocupação de confirmar suas fontes, ética, padrão, fala de uma imparcialidade e ao mesmo tempo da mentira que cerca em muitos casos. Milton cita a precisão e alerta os novos profissionais, que hoje adotam descaradamente o famoso Ctrl C e Crtl V, e mais e mais Crtl VVVVVVVVVVV, que tem se repetido todos os dias, pois ainda existem rádio que segue o padrão de gastar-se menos e copiar-se mais.



O livro Jornalismo de Rádio é um manual perfeito para alertar profissionais “entre aspas”, que acham que basta ir à internet e copiar tudo. O livro não foge das histórias verídicas que muitos profissionais da área já vivenciaram ou estão prestes a ver na sua frente mais dias menos dias. Milton Jung destaca no livro Jornalismo de Rádio, a importância da internet e ensina como fazê-lo seguindo os ensinamentos das grandes universidades, livrando-se dos freqüentes hábitos, como o famoso boi na linha entre outros. Mais deixa perguntas: Como fazer rádio sem vender o editorial? Isso é possível? Isso existe de verdade? Como que o rádio sobreviveria sem o apoio do patrocinador? Até que ponto devo ser influenciado (a)?


Características do Rádio na visão de Milton Jung e outros autores


O rádio é um meio de comunicação com um único suporte comunicativo: som. O rádio fundamenta sua capacidade de comunicar em quatro tipos de mensagens ou linguagens:


Linguagem falada – a palavra. Linguagem da música – linguagem das sensações. Linguagem dos sons e dos ruídos. Linguagem do silêncio.


O comunicador deve combinar esses recursos expressivos ao longo de cada emissão ou programa para captar as emoções do seu ouvinte.


O rádio é um meio caloroso a partir do fato que requer a participação do receptor: este deverá utilizar sua imaginação para criar imagens com os sinais acústicos que lhe são enviados por meio da comunicação.


A velocidade de exposição diante do microfone e a duração de um efeito de som farão variar as sensações dos ouvintes diante dos estímulos sonoros, deverão ser levados também em consideração às próprias características do meio. A informação irradiada terá como referencias primarias e distintas “a clareza e simplicidade”. Pois esta exige clareza dos fatos, já que o ouvinte nem sempre está exposto só aquele ruído produzido em estúdio e sim também no local em que está compondo o seu dia.


Deve-se levar em conta outras características peculiares do rádio: O imediatismo, a instantaneidade, a simultaneidade e a rapidez. Para que haja o melhor entendimento na mensagem radiofônica é preciso dar uma característica para cada estilo.


Noticiário: texto ou reportagens que subdivide-se em:


Síntese noticiosa – dura entre cinco e dez minutos. Sintetiza fatos ocorridos desde a sua transmissão.


Edição extra – com uma trilha forte interrompendo a programação e noticiando um acontecimento cuja divulgação não pode esperar o próximo noticiário da emissora.


Toque informativo – típico de FM – o apresentador pode improvisar ao fazer a noticia.


Informativo especializado – é uma síntese noticiosa ou um radio jornal. Segue um padrão. Ex: programa esportivo.


Auditório - Musical.


Classificação dos gêneros radiofônicos


É o instrumento de que dispõe o rádio para atualizar seu público por meio da divulgação. O gênero jornalístico apresenta-se, no rádio, por meio de diversos formatos, tais como:


Nota


Informação de um fato atual, curto com quarenta segundos de duração de forma direta.


Notícia


No radio têm características diversas; curta, informação básica, de um a trinta segundo, podendo ser apresentada ema mais de um bloco com mais de um apresentador ou locutor.


Porém; as mais usadas são: boletins ou radiojornais. Esses dois tipos enfocam o fato em si e tudo o que o acompanha e seja fundamental para seu entendimento.


OBS:


As noticias de opinião estão bem próximas do comentários. A noticia monologada e a dialogada dizem respeito não à forma da notícia em si. Um exemplo: “pingue-pongue”.


Noticia documentada, é baseada nos programas temático-jornalísticos ou documentários jornalísticos.


O informe se aproxima do programa de variedades, a rigor, visão completa dos acontecimentos no desenvolvimento de uma determinada notícia.


Boletim


Programa informativo com no máximo cinco minutos de duração ao longo da programação.


Reportagem


Para Marques de Melo, é um relato ampliado de acontecimento que já repercutiu no organismo social e produziu alterações que são percebidas pela instituição jornalística [...].


Para Emílio Prado a reportagem é um agrupamento de representações fragmentada da realidade, dando uma idéia global do tema e propõe uma tipologia da reportagem radiofônica.


Entrevista


Para Walter Sampaio, a entrevista representa uma das principais fontes de coleta de informação de um jornal e pode ser inserida no corpo da matéria.


Porchat sintetiza o conceito de entrevista como: “[...] diálogo entre repórter e fonte, sob a forma de perguntas e respostas para obter informações [...]”.


Comentário


Propicia a presença, por meio do comentarista, o conteúdo é opinativo, conhecimento especializado este aproxima o ouvinte.


Editorial


Retrata a opinião da instituição, do veículo. Para Porchat, texto opinativo, de maneira impessoal, sem identificação do autor, sobre assunto nacional ou internacional.


Crônica


A crônica definiu os perfis de vários periódicos no final do século XIX e início do XX. É considerada o formato que transita nas fronteiras do jornalismo e da literatura.


É com e pela crônica que o jornalismo se livra das amarras do texto enxuto, conciso, da sequência particular para o geral e esta combina a entonação do locutor e os recursos de sonoplastia.


Radiojornal


Formato que agrega os formatos jornalísticos, como as notas, notícias, reportagens, entrevistas, comentários e crônicas.


O radiojornal é constituído por diversas seções ou editoriais, como as de notícias nacionais, internacionais, econômicas, cultura e artes, serviços, política, esportes etc.


Deve manter regularidade nos horários de início e término de suas transmissões, para garantir a credibilidade do público no que diz respeito aos conteúdos transmitidos.


Programa de entrevista – representa a maior parte da grade da rádio, é inteiramente jornalístico, conta com o apresentador que conduz os convidados.


Programa de opinião – o lado opinativo do apresentador predomina, tornando-se a atração principal.


Mesa – redonda – a opinião de convidados ou de participantes fixos constitui a base da mesa – redonda pode ter dois tipos.


Painel – integrante da mesa expõe suas opiniões. Fornece um quadro completo a respeito do assunto enfocado.


Debate – conflitante, frente a frente, é o conforto de opiniões.


Documentário – tema abordado em profundidade com pesquisas, arquivos sonoros, analise, recursos de sonoplastia, envolvendo montagens e elaboração de um roteiro.


Radio Revista ou programa de variedades – variedades, informa, e diverte. Engloba serviços à execução de musicas, notícias policiais sensacionalistas, horóscopo, fofocas, cultura...


Programa Humorístico


Era de ouro nas décadas de 30, 40 e 50 arrancou grandes gargalhadas dos ouvintes. Atualmente está presente em uma dose menor nas FMs e se alastrou para a TV. Predomina o improviso.


Dramatização – década de 1970 de 1970, vinculando-se a interesses publicitários específicos. Os programas são divididos em informativos:


Noticiário Entrevista Opinião Mesa-redonda Documentário Humorístico Dramatização


Para Belau prefere denomina o radiojornal por exemplo de programa de notícias pois este apresenta critérios de elaboração, tais como:


1) A cabeça do programa; 2) Os resumos, em caso de existirem; 3) A classificação dos blocos noticiosos; 4) O tipo de elementos utilizados para dividir os blocos; 5) Os recursos para atrair a atenção do ouvinte; 6) A utilização de fundos musicais; 7) A resolução do programa.


Os programas de maior duração, devem seguir rigorosamente a pirâmide invertida.


Documentário jornalístico


Verdadeira analise sobre tema específico com a participação de um repórter. Uma mesclagem de pesquisa documental, mediação dos fatos in loco, especialistas e envolvidos.


De acordo com Kaplun o documentário jornalístico é comparado com a forma da reportagem cinematográfica – “a película documental” por sua função informativa.


Países da Ásia e da África, utilizam a formatação reportagem, ao lado de países europeus e dos Estados Unidos, é constante. O aproveitamento deste formato na América Latina tem suas raízes.


Mesas-redondas ou debates


São espaços de discussão coletiva em que os participantes apresentam idéias diferenciadas entre si e são mediados por um apresentador que impõe regra, delimita o tempo para cada um.


Deve ser ao vivo e se por um acaso gravar, faça de uma forma natural ao ponto de convencer o ouvinte.


Tem as mesmas características da entrevista, porém; necessita de um moderador, apresentador, líder para distribuir igual participação. Prado considera o debate radiofônico como: a forma mais viva da polêmica.


Programa Policial


Cobre acontecimentos e fatos policiais, com reportagens, entrevistas, comentários e notícias apresentado por um jornalista especializado.


Programa Esportivo


Cobertura e analise dos eventos esportivos. Com noticias, entrevistas, mesas redondas, em radiojornais ou programas específicos de caráter permanente.


Para Edileuza Soares, este nasceu primeiro no rádio é considerado fenômeno de comunicação de massa. Este é produzido numa linguagem diferenciada que superem a realidade, com jargões e chavões típicos que só o programa esportivo criou e matem até hoje.


Wilby e Conroy, apontam quatro tipos de programas esportivos?


1) Boletins esportivos; 2) Programas de estúdio; 3) Coberturas esportivas; 4) Placar esportivo.


Este são compostos por:


Retrospectivass, placar com resultas, tabela de classificação de campeonatos, serviços com notas de trânsito sobre o fluxo de veículos próximo ao estádio, policiamento, ECT.


Divulgação tecno-científica Divulgar as novas tecnologias de mercado numa linguagem e texto científico. Gênero educativo-cultural


Países desenvolvidos costumam muito fazer esse tipo de programa. No Brasil é raro.

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