terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Guia para edição jornalística de Luiz Costa Pereira Junior



Guia para edição jornalística de Luiz Costa Pereira Junior


Professor universitário
Especialista pela Universidade de Navarra, no Curso Máster de Jornalismo para Editores
Trabalhou oito anos no Estado de S.Paulo como repórter e editor
Criador e editor da Revista Língua Portuguesa
Escritor de grandes obras como: Apuração da Matéria, pela editora Vozes entre outros.

Edição de fotos


A
fotografia é a construção, registro, o artifício, a testemunha da realidade. É a expressão do acaso, controlado.

É mais fácil a pose do que o movimento. Muito cuidado, pois a foto posada pode gerar conflitos entre algo descoberto importante.

O fotojornalismo busca o plus de naturalidade contido no imprevisto, é uma construção elaborada por um profissional. A escolha da lente, do diafragma e da própria câmera pode afetar o resultado. Pois este busca o momento em que o ato desperta o olhar distraído. O instante significativo, pode ser recortado somente pelo fotógrafo e pelo editor.

Ao fotografar não sedeve pensar só no que é registrado, como a também significação que tal imagem transmitirá a quem a veja. A imagem depende do próprio repertório. A edição traz fragmentos congelados, mas confere uma lógica própria.

O equilíbrio entre o que percebemos e queremos é um conceito dado ao objeto e o efeito obtido pela forma. O que para Ivan Lima, significa a ilusão de cena congelada.

Os elementos básicos da fotografia

Pontos, linhas, formas e texturas (sentimentos e sentidos)


Contexto

Não é raro o caso em que texto, por melhor e mais informativo,perde importância e espaço na página por falta de imagem. Uma matéria frágil ganha vitalidade com boa foto. Às vezes pode ser um pequeno texto que a foto dará o valor ao acontecimento.

A foto, sozinha, não estimula o imaginário. Segundo Lucia Santaella e Winfred Noth, em muitos casos há uma estratificação entre imagem e texto.

1 – Imagem inferior ao texto – só completa.
2 – Imagem superior ao texto – ela domina, é mais informativa.
3 – Imagem e texto – se bem integrados, informam.

A imagem tem sua significação modificada pelos títulos, textos legendas e diagramação, pelo contraponto com outras fotos na mesma página e edição, pela reutilização em contextos diferentes da situação original. O seu objetivo é controlar a leitura que será feita dela.

Kossay observa que pela a composição entre imagem, texto, edição da foto só promove “um conteúdo transferido de contexto”, pois um “novo documento” é derivado da foto original e provoca uma interpretação específica, uma “ficção documental” é forjada.

Quando o texto e imagem são dispostos lado a lado, não edição de duas mensagens informativas distintas. Deriva uma nova interpretação. Não há um dueto entre texto e imagem que interfira na imagem. O efeito desejado é dar impressão de relação causal.

A foto jornalística,é “polissêmica”, feita para não dar margem a mais de um sentido interpretável, a foto deve possibilitar múltiplas interpretações.

Mas ela acaba dando imagem fotográfica e duplo sentido. O texto, a legenda, o titulo, ancoram um sentido específico.


Estrutura da composição

a) – Extra quadro > extrapolação dos limites do quadro a partir de elementos contidos no próprio quadro.
b) Assujeitamento > momento do objeto encarar a objetiva e ele se nega.
c) Sutura > inclui a câmera no grupo fotografado (ato cirúrgico). Dá se a ilusão de que o observador participa da ação.
d) Jogo de linhas > linhas horizontais sugere tranquilidade.
e) Jogo de linhas > linhas verticais, movimento e atividade.
f) Jogo de linhas > profundidade
g) Arbítrio > o local onde faz a foto torna-se também sua importância.
h) Perspectiva > 3ª dimensão na fotografia.Inclui jogos de linhas, formas e luzes.
i) Efeito figurativo > formam enfileiradas dando a ilusão de profundidade.
j) Efeito linear > mais alta a linha horizontal, maior a ilusão tridimencional.
k) Efeito luminoso > sensação de profundidade ocorre quando a zona mais escura está próxima, em primeiro plano, ficando mais clara à medida que os objetos se afastam da objetiva.
l) É aconselhável usar uma foto por página de preferência a melhor.
m) Contraste > ângulos longos, fechados contra-abertos, grupos contra indivíduos, vistas gerais, dando ou não dramaticidade.

A palavra interfere na imagem e por isso ela mudou a leitura dos jornais.
A chegada da foto tirou espaço do texto, consumiu menos tempo para a compreensão dos fatos. Ela é a verdade factual do mundo.

Virtualidade e ética

No século 20, ângulos planos, produtos químicos afetaram o produto final.
Com a digitalização a imagem tornou-se mais sofisticada. Podendo interferir nessa imagem ao ponto de manipulá-la. Os recursos tecnológicos atingiram o coração do estatuto da verdade.

É preciso ser muito profissional e ético para fazer o melhor sem trair o leitor que vai ler e conhecer a história exposta no impresso de sua preferência.

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