quarta-feira, 10 de junho de 2009

Saiba mais sobre o livro.: Síntese da linguagem visual de Donis A. Dondis





Cap. 8 e 9

As artes visuais – Função e mensagem



Quais são as razões básicas e subjacentes para a criação de todas as inúmeras formas de materiais visuais?


A principal razão é a necessidade tanto do cotidiano quanto para a auto - expressão de um estado de espírito ou de uma idéia.



No modo visual, muitos objetos se destinam a glorificar ou a preservar a memória de um indivíduo ou grupo.



Registrar, preservar, reproduzir e edificar; são princípios de demonstrar e ensinar formal ou informalmente, afim de ampliar a comunicação humana.


Os dados visuais podem transmitir informação, mensagens ou sentimental. Toda forma visual concebível tem uma capacidade incomparável de informar o observador sobre si mesma e seu próprio mundo, ou ainda sobre outros tempos e lugares, distantes e desconhecidos.


A propaganda desempenha papéis importantíssimos. Por exemplo, um poster que se destina basicamente a anunciar uma marca de calçado com a modelo Gisele Bündchen, acaba se destinando a decorar um ambiente da casa, por exemplo na cabeceira da cama, porque a forma em que foi feita torna-se interessante, uma arte, convida quem a vê a interpretá-la, à interrogar a sua natureza de comunicar.


Alguns aspectos universais da comunicação visual


Na Idade Média e no Renascimento, o artista servia à igreja como propagandista. Nos vitrais, nas estátuas, nos entalhes e afrescos, nas pinturas e ilustrações de manuscritos, era ele quem transmitia visualmente “a palavra” a um público que, graças a seus esforços, podia ver as histórias bíblicas de forma palpável.



A sutileza e a sofisticação tendem a ser contrapruducentes. Deve-se buscar um equilíbrio ideal: nem uma simplificação exagerada, que exclua detalhes importantes , nem a complexidade que introduza detalhes desnecessários. São essas observações que amplia, reforça a compreensão.


O realismo simplificado foi também a abordagem de um extraordinário grupo de pintores mexicanos - Siqueros, Orozco e Rivera – para transmitir as mensagens de revolução social de seus governos. Eles e muitos outros artistas ressuscitaram a técnica do afresco, e usaram – na para decorar os muros das cidades provincianas com imagens cujos objetivo fundamental era a propaganda política.


A compreensão visual é um meio natural que não precisa ser aprendido, mas apenas refinado através do alfabetismo visual. Os cartuns e as charges são bons exemplos dessa forma de linguagem visual. O cartum é de conteúdo lúdico, atemporal. Não compromisso com formato de tamanhos definidos. Não tem um protagonista fixo. As charges sempre tratam de um assunto que é ou foi crítica ou admiração de um certo acontecimento na vida, na política, no país recente.


As placas de trânsito é uma forma de expressão, nos remetem mensagens.
Os símbolos lingüístico de perguntas e exclamação.


O punho cerrado com o polegar indicando uma determinada direção. O punho cerrado e o braço levantado é um símbolo da unidade comunista; a mão aberta, com a palma para baixo e o braço formando um ângulo com o corpo é a saudação fascista italianos, e mais tarde adotada pelos nazistas da S.A de Hitler.


Á dança, o teatro, os gestos, a expressão, a linguagem escrita, a simbolização e a linguagem de surdo e mudo, recebe o nome de “livras”, são artes de comunicar e todas estão ao alcance do leigo. De alguma forma há como entender. Mas o desenho industrial, a fotografia, a pintura, a escultura e a arquitetura exigem dos que os praticam um talento específico e uma formação especial. O entendimento dessas forças amplia o campo da experimentação e da interpretação tanto para o criador quanto para o observador, e os leva a um conjunto de critérios mais sofisticados de avaliação visual, capazes de unir mais estreitamente a realização e o significado.


Escultura



A essência da escultura consiste no fato de ser construída com materiais sólidos e existe em três dimensões. A maioria das outras formas de arte visual- pintura, desenho, artes gráficas, fotografia, cinema- apenas sugere as três dimensões através de uma utilização extremamente sofisticada da perspectativa e da luz e sombra do claro-escuro. A escultura existe numa forma que, além de poder ser tocada, também pode ser vista a partir de um número infinito de ângulos, com cada plano correspondendo àquilo que, em duas dimensões, seria um desenho completo.



A palavra escultura vem de sculpere, entalhar, embora o segundo método preferido em escultura não recorra ao entalhe, mas a um processo de construção que utiliza materiais maleáveis, como a argila ou a cera, oferecendo várias experimentações e alterações; durante o processo de construção.



Arquitetura



A arquitetura partilha com a escultura a característica da dimensão. Na arquitetura, a dimensão encerra um espaço cuja finalidade básica é proteger o homem contra os caprichos do meio ambiente. Qualquer tipo de edifício é um problema compositivo envolvendo os elementos visuais puros de tom, forma, textura, escala e dimensão. A casa é a unidade social básica, um lugar onde o homem pode dormir, preparar seu alimento, comer, trabalhar e manter – se aquecido e em segurança.



A medida que as culturas se tornam mais desenvolvidas, a arte e a técnica da construção passaram a servir também às atividades e aos interesses do homem: a sua religião, com a igreja, santuários e monumentos; a seu governo, com edifícios administrativos, câmaras legislativas e palácios de justiças; a seu lazer, com teatros, auditórios, ginásios de esportes e museus; a seu bem – estar e a sua educação, com hospitais, escolas, universidades e bibliotecas.



O estilo e a forma dos edifícios públicos e privados comunicam algo que ultrapassa suas funções sociais, expressando o gosto e as aspirações dos grupos sociais e das instituições que os conceberam e construíram. Os estilos arquitetônicos não só variam segundo a finalidade de um edifício, mas também segundo as tradições de uma cultura. Por isso o arquiteto deve ser um artesão e um engenheiro que conhece os métodos de construção e de manipulação de materiais.



Um sociólogo capaz de compreender sua própria cultura e criar projetos que respondam às necessidades de seu tempo e se ajuste coerentemente ao seu ambiente. E, o que é mais difícil ainda, deve ser um artista que conheça os elementos, as técnicas e os estilos das artes visuais, e consiga combinar a forma e a função, para atingir os efeitos pretendidos. Seu talento deve competir com o do escultor, afim de manifestar visões abstratas a serem esteticamente avaliadas.




Pintura




A contemplação da natureza, uma forma de o homem enxergar e compreender a si próprio, a glorificação de grupos ou indivíduos, a expressão de sentimentos religiosos e a decoração, para tornar mais agradável o ambiente humano.




A denominação “belas – artes”, em geral nos referimos à pintura e aos quadros transportáveis que pendem das paredes de casas, edifícios públicos e museus. As artes visuais derivou de muitas fontes, começando pelas primeiras tentativas feitas pelo homem pré-histórico para criar imagens, desenhadas ou pintadas, até chegar ao cenário da arte contemporânea, com seus críticos e admiradores.



Para ser válida, a arte nunca deve deixar de comunicar seu objetivo ela deve ser clara para que ninguém venha a questionar sua existência.



O artista, o pintor e o criador de imagens têm qualidades para o controle dos meios de comunicação que ainda fazem de seu produto uma parte desejável e necessária da experiência humana. Embora o produto pré – fotográfico que nos chegou através do pincel dos pintores nos ofereça relatos visuais de como eram as coisas, o tipo de roupa que as pessoas usavam e toda a informação visual que hoje só nos chega através da câmera, da qual, nesse aspecto, nos tornamos dependentes, os pintores fizeram muito mais que isso. Deram-nos insight, na exata medida de sua sensibilidade e talento. O método para o desenvolvimento de um desenho ou de uma pintura demonstra essa busca de controle dos meios de comunicação.


Ilustração


O toque essencialmente luminoso do ilustrador e a maestria de seu trabalho constituem seu principal fascínio e continua sendo fundamental para as revistas e a publicidade, mesmo depois de técnicas de reprodução fotográfica fantásticas inventadas. O ilustrador é antes de mais nada um visualizador da arte gráfica, é um especialista na sua área. Trabalha por encomenda, cria dentro de um prazo estabelecido pela publicação para a qual trabalha. Muito se exige dele, mas as recompensas são grandes.



Mas o objetivo básico do ilustrador é referencial, seja no caso uma fotografia, de um detalhado desenho a traço ou de uma fotogravura em preto e branco ou em cores. Trata-se, basicamente, de levar uma informação visual a um determinado público, informação que em geral significa a expansão de uma mensagem verbal. Assim, a variedade de ilustrações abrange desde desenhos detalhados de expressivos feitos por artistas talentosos e consumados, que acompanham um romance ou um poema.


Design Gráfico



Além de desenhar seu próprio tipo de impressão, precisavam aprender a fundi-lo em metal, a construir prensas, a comprar papel, a desenvolver tintas adequadas, a vender seus serviços, e frequentemente também a escrever o material que pretendiam imprimir. Ao longo dos séculos XVI e XVII, os impressores avançaram muito, aperfeiçoando constantemente seu ofício.



Para o desing gráfico, a industrialização e a produção em série começaram em meados do século XV, com o desenvolvimentodo tipo móvel, e seu grande momento foi assinalado pela impressão da Bíblia de Gutenberg. O livro foi impresso simultaneamente. O precursor do design gráfico era um trabalhador especializado, a quem se costumava chamar “artista comercial”, denominação que contém uma certa carga pejorativa. Quando talentoso, esse tipo de profissional foi mais tarde resgatado da cidadania de Segunda classe que tinha sido condenado pelos pintores e críticos.



O designer aprendeu a trabalhar em harmonia com o impressor, e essa cooperação tem sido um dos mais importantes farores da qualidade cada vez msior do design na impressão contemprânea. A experimentação no design levou a resultados sólidos e dinâmicos, tanto em termos da eficácia da comunicação, quanto da criação de um produto mais atraente. Embora o esboço do design gráfico seja comparável ao esboço na pintura e na escultura, ele é mais literal. Ele pode na sua busca preliminar das possíveis soluções, buscar modificações com grande liberdade. Na impressão, por exemplo, o elemento visual dominante é a linha; outros elementos,como o tom, a cor, a textura ou a ecala, são secundários. O design pode optar por por diferentes técnicas visuais, num processo claro entre forma e conteúdo e tudo isso porque na impressão há a combinação de palavras, imagens e fórmulas abstratas combinando também o verbal com o visual, numa tentativa direta de transmitir informações.


Artesanato



Hoje em dia, os artesãos comuns ocupam um lugar especial e esotérico em nossa sociedade. Tudo o que produzem provavelmente pode ser fabricado pela máquina de modo mais rápido e barato. No passado, os produtos feitos a mão eram de absoluta necesidade; em nossa época, são produzidos para pessoas de gosto especial, que podem permitir-se pagar um preço muito maior que o dos produtos feitos em série. Suas obras são colecionadas como se fossem quadros mas ainda há muito o que aprender como artessão e se conhecimento dos materiais e da maneira de utilizá-lo com competência.



Os tipos de artesanato, cerãmica, tecelagem, metal e madeiras trabalhadas – além de constituírem meios de suprie cada vez maior enquanto atividade de lazer. Muitas pessoas se voltam para o artesanato como um passatempo, o que ajuda a recuperar o interesse por essa atividade.


Desenho Industrial



Algumas tentativas do desenho industrial resultaram numa super-estrutura que ignorava os mecanismos interiores do produto.


O fator mais questionável do moderno desenho industrial é a obsolencência, a natureza perecível de sua aparência, que nele já se projeta tendo em vista uma constante renovação da produção.


Para ser bem sucedida, sua obra não deve perder de vista a noção de lucro; deve conceber suas criações como um elemento a mais na produção econômia de um produto vendável.


Fotografia


O talento especial e os de aprendizado que modelavam e aprimoravam as habilidades artísticas passaram a ser desafiados por uma máquina que, depois de um breve período de aprendizado, podia ser utilizada por qualquer um. Arthur Goldsmith, em seu artigo no século XX “The Photographer as a God” publicado pela revista Popular Photography:


“Vivemos numa época dominada pela fotografia.(...) A fotografia exerce hoje uma força comparável à da liberação da energia nuclear no universo físico”.

O instantâneo conserva seu enorme poder de atração, que só fez aumentar, graças à invenção, por Edward Land, da câmera Polaroid, que prescinde do quarto escuro e produz imagens instantâneas.


A fotografia também é uma profissão de importância fundamental para o universo da comunicação, e uma profissão que conta com inúmeras especializações.


O repórter fotográfico faz a cobertura dos acontecimentos atuais e suas fotos tem que ser nítidas e audaciosas, conservando uma mensagem de forma direta e simples.


O fotógrafo retratista ainda é muito solicitado, e sua atividade não se viu comprometida pela abundância de amadores.


A fotografia é dominada pelo elemento visual em que interatuam o tom e a cor, ainda que dela também participem a forma, textura dor o mais convincente simulacro da dimensão, pois a lente, como o olho humano, vê, e expressa aquilo que vê em uma perspectiva perfeita.


Cinema



Embora ainda não passe de uma criança, o cinema promete tornar-se uma forma de arte extraordinária e incomparável.


Os experimentos de Edison e o triunfo mecânico de Lumière utilizaram o fenômeno da persistência da visão para obter fotografias que pudessem registrar o movimento. A comédia-pastelão, exclusiva do cinema, foi levada à perfeição por Chaplin, o maior palhaço da tela.


O cinema é ao mesmo tempo um instrumento de absoluta precisão um criador de magia: um espelho da verdade, um sonhador de sonhos e um operador de milagres, mesmo depois de ter atravessado um dilema entre expressão artística e sucesso financeiro. Fazer um filme, mesmo os primitivos, em que se usava apenas um rolo, era algo que exigia capital, e, portanto, um certo controle sobre o produto final. O público os devorava, e o novo meio se viu diante de enormes oportunidades de expressão e experimentação. Os longa-metragens com enredos muitos semelhantes aos dos romances, e com eles essa incomparável figura dos tempos modernos: a estrela cinematográfica. Introduziu-se o som, mais tarde a cor, e ambos vem passando até hoje por um processo de aperfeiçoamento contínuo e tendo como referencial a cidade de Hollywood.


Hoje os cineastas podem contar com o controle do story board, o profissional que trabalha com a arte visual, permitindo a conexão do som e outros arranjos para a sua valorização, ele tem a visão apurada dos grandes designers.


O cinema hoje no mundo é destaque para as redes de TV Educativas, sua participação é maior e mais valorizada.


O cinema com sua gestualidade e seu ritmo, com suas restrições técnicas, com suas limitações específicas e sua indigência fantasticamente fértil, enquadra sua arte em forma de gargalhadas, e até os que exigem a satisfação de necessidades estéticas sutis. A”Sétima Arte” com suas infinitas possibilidades.


O cinema é a na verdade a característica e a grande forma artística do século XX.


Televisão


Qualquer portador de mensagens – uma pintura, um discurso, uma carta pessoal pode ser chamado de meio de comunicação. Essa referência seria válida por definição, mas hoje, quando falamos em meios de comunicação, a idéia implícita é um grande, e possivelmente impessoal, grupo de pessoas.


Os mais modernos meios de comunicação, são efeitos colaterais da Revolução Industrial e de sua capacidade de produção em série.


O livro provocou e incentivou o alfabetismo, que rompeu com o monopólio da informação mantido por uma minoria culta e poderosa. O livro e os demais formatos impressos vieram a substituir o mito e o símbolo, a fábula e a moralidade. Ainda hoje, numa época dominada pelos meios de eletrônicos de comunicação, o livro e os impressos em geral continuam sendo poderosos agentes de transformação. A uniformidade dos formatos impressos, livros, revistas, jornais, folhetos, posteres torna possível a transmissão de uma mensagem para um grande público. Mas o advento do rádio e da televisão fez com que essa mesma informação e experiência se tornassem instantaneamente acessíveis a uma audiência em massa.

A televisão uniu a câmera, as ondas de rádio, a fotografia, tudo que a TV é, não é só de sua própria responsabilidade, ela é a cópia de tudo que existe nos meios de comunicar e expressar. A televisão veio simplesmente para inovar logo depois da Segunda Guerra Mundial.


Em termos elementares, a principal diferença entre a televisão e o cinema é a escala. Todos os outros elementos visuais são os mesmos. O cinema foi concebido para reproduzir imagens maiores e a TV em escala menor. Por isso ao criar um programa, devemos dominar a atenção de todos aquele que esta em volta do aparelho; crianças, jovens e adultos. O importante é neutralizar as pertubações provocadas.


A televisão é capaz de minuciosamente penetrar na vida do telespectador manipulando e controlando. As críticas em relação a sua existência é grande, mais é confesso a sua necessidade dentro de todas as casas por mais simples e pobre que sejam as pessoas.

Alfabetismo Visual.: Como e Por quê?



Para compreender melhor a arte visual, é preciso estudar os componentes da inteligência visual, os elementos básicos, as estruturas sintáticas, os mecanismos perspectivos, as técnicas utilizadas, os estilos e o sistema em que foi desenvolvido, como sentimos essa arte, só assim seremos visualmente alfabetizados.


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